... anyway... Luis Filipe Vieira deu uma (extensa) entrevista ao Expresso, na qual falou sobre alguns temas pertinentes, sobre alguns assuntos interessantes (como por exemplo que o Benfica foi obrigado a comprar o passe do Andrés Diaz para poder contratar o Di Maria) e falou sobre alguns boatos que falam por aí.
"Expresso - Como encontrou o Benfica quando entrou no clube?
LFV - Sem dinheiro, sem activos, e sem autoestima. Era deprimente passar por aquela porta de vidro, por debaixo da águia, no antigo estádio. Toda a grandeza do Benfica desaparecia, era o caos. O que mais me chocou na altura foram os ordenados em atraso de atletas e funcionários. Até as pedras da calçada à volta do estádio estavam hipotecadas...
Expresso - É verdade que o Simão esteve no avião para embarcar para Liverpool antes de sair para o Atlético de Madrid dois anos depois ?
LFV - É verdade que o avião estava à espera e pronto para seguir, mas o Simão nunca chegou a entrar nele. Foi um processo duro, em que pensaram que fariam prevalecer a sua vontade contra as exigências do Benfica.
Expresso - Porquê contratar agora Eduardo com uma cláusula de opção de compra de 4,5 milhões de euros mediante o número de jogos? Está arrependido de não ter fechado esse negócio no ano passado e ter investido 8,5 milhões em Roberto?
LFV - Em primeiro lugar, estão enganados em relação ao valor da cláusula do Eduardo, é muito mais baixa; não posso revelar quanto é, porque é confidencial. O Eduardo é titular da selecção, português e um excelente profissional. Não estou arrependido.
Expresso - E como é que conseguiu vender Roberto por 8,6 milhões de euros ao Saragoça? Milagre?
LFV - Essa pergunta é injusta e mostra a necessidade que o Roberto tinha de sair de Portugal. Sabem, algumas pessoas à minha volta, mas principalmente muitos jornalistas, disseram e escreveram, no final do primeiro e do segundo ano do Di Maria no Benfica, que o melhor era vendê-lo por 10 ou 12 milhões de euros, que ele já não passava daquilo. Depois foi o que se viu. Só que o Di Maria não era guarda-redes. Esse lugar é especifico e não admite margem de erro. O Roberto vai ser uma referência mundial no futuro. Foi um preço justo no momento, mas barato para aquilo que o Roberto será no futuro.
Expresso - Faz sentido contratar tantos jogadores para depois os emprestar?
LFV - O Benfica é uma multi-nacional e alguns atletas vão ter de ganhar experiência em sucursais. Quando estiverem prontos, regressam. É tão simples quanto isso. Não lhe vou dizer quem foi, mas já tivemos de contratar um jogador para assegurar a totalidade do passe de outro. Aqui, a lógica é outra. Também já tivemos de contratar um jogador porque de outra forma a justiça do país em causa não nos deixaria trazer aquele que realmente nos interessava e que, passados três anos, deixou largos milhões no Benfica. Tudo isto tem de ser feito em sigilo, são operações que não podem ser explicadas.
Expresso - Pinto da Costa disse há seis meses que devia haver um poço de petróleo na Luz. Entretanto, já gastou mais de 30 milhões de euros neste verão. Há petróleo no Porto? Danilo e Alex Sandro foram mesmo desviados?
LFV - Que eu saiba, não ha torres de extracção petrolifera em Portugal. Quando temos uma obsessão demasiado grande em falar dos outros é porque não somos grandes, e esse não é um problema nosso. Em relação a esses dois, digo-lhe o seguinte: gosto que os jogadores sejam activos da SAD, caso contrário desequilibram as finanças. Os excessos são perigosos. Nunca comprei um jogador para depois começar logo a contactar investidores e empresários para ficarem com parte ou com todo o passe.
Expresso - Moutinho foi oferecido ao Benfica?
LFV - A verdade é que, nessa altura, alguém telefonou ao Benfica (pelo Moutinho), mas quando soubemos aquilo que estava a ser negociado percebemos que não valia a pena fazer nada.
Expresso - Há mesmo espiões no Benfica?
LFV- Às vezes pensamos que sim. A mim não me incomoda que apareça uma notícia a dizer que veio cá a Judiciária, porque não tenho rabos de palha. Incomoda-me é se estiver a negociar um jogador e no dia seguinte o nome dele aparecer num jornal. Imagine que está numa mesa com cinco pessoas, que fala em determinado nome e que no dia seguinte ele está na comunicação social... Começamos a olhar para essas cinco pessoas de forma diferente.
Expresso - Já inventou uma noticia para apanhar o tal espião interno ?
LFV - Já, já. Estamos proximos de resolver esse caso.
Expresso - Mas também apareceram escutas suas a falar de árbitros com o major Valentim Loureiro...
LFV - Sem problema. O que quiseram foi branquear com essa conversa todas as outras escutas. Até lhe digo: foi o major Valentim Loureiro, que na altura era presidente da Liga, que me telefonou a perguntar se eu me importava que fosse nomeado o Martins dos Santos para apitar a final da Taça. Só lhe disse que esse árbitro ia prejudicar o Benfica de propósito. Não pedi este ou aquele árbitro, não pedi para servir nenhum tipo de cafeína ou fruta. Nunca fui conselheiro sentimental de árbitros. Limitei-me a dizer que com aquele árbitro nem valia a pena a equipa entrar em campo. E o tempo deu-me razão.
Expresso - Mas acha normal um presidente da Liga telefonar a um presidente de um clube para discutir a nomeação de um árbitro?
LFV - Na altura quando havia uma final, tentava chegar-se a um consenso por causa do árbitro. Da mesma forma que eu fui contactado, de certeza que o outro lado também foi. Na primeira fase, quem tentou falar comigo foi o José António Pinto de Sousa (presidente do Conselho de Arbitragem na altura), mas eu fugi dessa situação. Depois ligou-me o major e, quando me falou do Martins dos Santos, eu sei o que lhe respondi.. E ficamos por aqui.
Expresso - Garante que não há ninguem a receber comissões nas transferências de jogadores?
LFV - Tenho confiança absoluta nas pessoas que trabalham comigo e que me são próximas. Quem escreveu que havia uma rede de comissionistas vai ter de sofrer as consequências.
Expresso - Ao dizer que o Benfica iria ganhar a Liga dos Campeões, Jesus exagerou? Ele é fanfarrão ou confiante?
LFV - Isso foi mal interpretado. Até lhe digo mais: prefiro claramente o discurso do Jesus ao discurso do Quique Flores.
Expresso - É verdade que Jesus esteve a um passo do FC Porto? Fez pressão junto de si para renovar o contrato por outros valores? Pressionou-o para não sair?
LFV - Eu não pressiono ninguém a ficar. Fica quem quer e quem está comprometido com o projecto. Mas posso confirmar que o Jorge melhorou o seu contrato.
Expresso - Foi mesmo sócio do FC Porto e do Sporting?
LFV- Do FC Porto não, pelo menos por iniciativa minha. Quanto ao Sporting, sim, quando precisei de utilizar as suas piscinas, devido a um problema pulmonar grave. E não vi nada de mal nisso.
Expresso - É verdade que Pinto da Costa é boa companhia para as jantaradas?
LFV - Isso tem de perguntar a alguns deputados da Assembleia da República..."