Estava eu a folhear descontraídamente o DN esta semana, e por entre cimeiras da nato e bitaites ao Benfica do Vilas-Boas, tropecei nesta noticia:
Um cabo da GNR pediu uma mudança de turno ao seu superior, e este negou-o. Não o deve ter feito com bons modos porque o cabo "mandou-o para o cara**o", ...e estou simplesmente a citar.
O processo alterou-se para um crime de insubordinação, e a procuradora do DIAP pergunta perante os juizes se "a palavra cara**o" proferida pelo arguido na presença do seu superior e dita naquele contexto não é uma injuria ofensiva em relação à pessoa a quem é dirigida.
Ora parece que os juizes desembargadores de Calheiros da Gama e para o juiz militar major-general Norberto Bernardes não acham que seja assim. E para fundamentar a decisão fizeram uma "extensa análise da expressão "pró cara**o".
Concluíram que há contextos em que a utilização da expressão não é ofensiva, mas sim um modo de verbalizar estados de alma. Um pouco de história: "Para uns a palavra 'c...' vem do latim caraculu que significava pequena estaca, enquanto que, para outros, este termo surge utilizado pelos portugueses nos tempos das grandes navegações para, nas artes de marinhagem, designar o topo do mastro principal das naus, ou seja, um pau grande. Certo é que, independentemente da etimologia da palavra, o povo começou a associar a palavra ao órgão sexual masculino, o pénis."
Porém, continuam os juízes, "é público e notório, pois tal resulta da experiência comum, que 'cara**o...' é palavra usada por alguns (muitos) para expressar, definir, explicar ou enfatizar toda uma gama de sentimentos humanos e diversos estados de ânimo. Por exemplo 'pró cara**o...' é usado para representar algo excessivo. Seja grande ou pequeno de mais. Serve para referenciar realidades numéricas indefinidas ('chove pra c...'; 'o Cristiano Ronaldo joga pra c...'; 'moras longe pra c...'; 'o ácaro é um animal pequeno pra c...'; 'esse filme é velho pra c...')".
Mas há mais jurisprudência sobre a matéria: "Para alguns, tal como no Norte de Portugal com a expressão popular de espanto, impaciência ou irritação 'carago', não há nada a que não se possa juntar um 'c...', funcionando este como verdadeira muleta oratória."
Ora portanto, experimentem mandar o vosso patrão para o "cara**o" porque podem basear a vossa defesa neste caso; Não se trata mais do que um desabafo viril, que nada tem de ofensivo.